Afirmaste certa vez - disse me um dia - que a música te agradava por ser totalmente destituída de moralidade. Estás certo. Mas o que importa é que também tu não sejas moralista. Não há por que te comparares com os demais, e se a natureza te criou para morcego, não deves aspirar a ser avestruz. Às vezes te consideras por demais esquisito e te reprovas por seguires caminhos diversos dos da maioria.
Deixa-te disso. Contempla o fogo, as nuvens e quando surgirem presságios e as vozes soarem em tua alma abandona-te a elas sem perguntares se isso convém ou é do gosto do senhor teu pai ou do professor ou de algum bom deus qualquer. Com isso só conseguimos perder-nos, entrar na escala burguesa e fossilizar-nos. Meu caro Sinclair, nosso deus se chama Abraxas e é deus e demônio a um só tempo; sintetiza em si o mundo luminoso e obscuro. Abraxas nada tem a opor a qualquer de teus pensamentos e qualquer de teus sonhos. Não te esqueças disso. Mas abandonar-te-á quando chegares a ser normal ou irrepreensível. Abandonar-te-á em busca de outro cadinho onde possa cozer seus pensamentos.
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me fez lembrar do retrato de Dorian Gray =)
ResponderExcluircombina com minha linha de pensamento
ResponderExcluirgostei =D
eu quero!!!!!!!!!!!!!!
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